
AUTOR : Umberto Eco
FRAGMENTO : "mais madura de uma filosofia da linguagem, como o foi para Cassirer, Husserl ou Wittgenstein tem precisamente o dever de elaborar categorias que lhe permitam ver um único problema lá onde as aparências encorajam a ver muitos e irredutíveis problemas. À objeção comum dos filósofos da linguagem que sofrem de miopia (e alguns deles são citados neste livro, mas segundo o critério económico da parte pelo todo) de que uma nuvem não significa do mesmo modo como significa uma palavra, responderemos que uma semiótica geral não parte absolutamente da convicção de que os dois fenómenos são da mesma natureza. A revisitação histórica do problema, ao contrário, nos dirá exatamente que foram necessários muitos séculos, de Platão a Santo Agostinho, para ousar afirmar, sem rodeios, que uma nuvem (a qual, sob a espéciedo índice, significa a chuva) e uma palavra (a qual, sob a espécie do “símbolo”, significa a própria definição) podiam ser reconduzidas à categoria mais ampla de signo. O problema está exatamente em entender por que chegamos neste ponto e por que, como veremos, sempre nos afastamos novamente dele, numa dialética contínua de aproximações totalizadoras e fugas particularizadoras. É banal dizer que uma nuvem é diferente de uma palavra. Mesmo uma criança sabe disto. É menos banal perguntar-se, nem que seja apenas a partir de alguns usos linguísticos comuns irredutíveis, ou de algumas obstinadas e seculares reiterações teóricas, o que é que poderia estabelecer parentesco entre elas."
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